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terça-feira, 8 de novembro de 2011

Ouro pra música,lata pro futebol! Artigo(penta)musical.

Por Ulisses Montoni


Nas últimas semanas, acompanhei a transmissão dos jogos Pan-americanos, onde o Brasil se saiu muito bem, ganhando medalhas até em esportes onde não temos muita tradição. Muitos desses atletas quase ficaram de fora da competição porque não tinham patrocínio para treinar.Amigos músicos: isso faz vocês lembrarem de alguma coisa?


Esporte e arte são parecidos em muitos aspectos, e ambos sofrem com a falta de incentivo cultural e financeiro. Mas em se tratando de espírito de equipe,patriotismo e superação pessoal,esses atletas deram um banho em nós artistas...


Quase todos, eu diria... pois o glorificado,santificado,idolatrado(e patrocinado) futebol masculino,me fez sentir vontade de pedir minha cidadania Tanzaniana(pelo menos,de lá veio o Freddie Mercury,hehehe).Não sou amante de futebol,mas nessas ocasiões,tenho lá meu patriotismo recôndito,mas o que assisti foi tétrico.E mais tétrico ainda foi a explicação que deram pelo fracasso: “Ah,faltou um pouco mais de investimento financeiro no time...” MAIS investimento ainda? Se investissem na arte e na cultura 10% do que investem em futebol, todos nós, amigos artistas, poderíamos já estar tendo (gerúndio proposital) planos de “em qual país passarei o reveillon?” Pelo menos são meus planos...


Na última semana aconteceram dois grandes espetáculos em São Paulo: A ópera O Guarani, no Teatro São Pedro e o Réquiem de Verdi, no Municipal. Pelo fato de eu ainda não ter conseguido juntar grana suficiente para meu reveillon em Paris, precisei trabalhar e acabei não assistindo a nenhum desses espetáculos. Soube pelos amigos e colegas,participantes do Réquiem e do Guarani,que ambos foram um sucesso,e acredito mesmo que tenham sido.Ouvi também a revolta de alguns por causa de críticas meio ácidas(redundância?). Da minha parte, como artista, cantor e escritor (“Humm, ele se acha!”, diriam os críticos), saio em defesa da minha classe, imbuído pelo sentimento pan-americano de espírito de equipe, onde todos se defendem, por isso vencem a si próprios e aos adversários.


Como não assisti ao Réquiem, não posso opinar sobre os solistas internacionais. Mas se realmente não estavam à altura da obra,do teatro,da orquestra e do coro que os acompanharam,meus amigos,fiquem tranqüilos! A mediocridade até pode ser patrocinada, mas nunca escondida! Isso fica nítido, sempre. Vide nossos meninos de ouro(?) do futebol,ao representar esta pátria de (marias)chuteiras...


Mas fora tudo isso, se considerarmos o fato de que em uma única semana, duas obras maravilhosas foram apresentadas em São Paulo, com elenco 99% nacional, já é algo acontecendo. Pequeno,mas é algo.E parabéns aos que participaram desses espetáculos!


Deixo aqui meu abraço a todos os amigos e colegas dos Teatros São Pedro e Municipal, que fizeram parte desses dois eventos. A despeito de qualquer crítica não tão construtiva, quem sente o prazer imenso de subir no palco e cantar obras maravilhosas somos nós, artistas sem chuteiras, mas felizes!


E uma última notícia: Ouvi falar que vão dobrar o salário do Neymar!(É que agora ele é pai, né? Precisa sustentar a família...)





Ulisses Montoni é tenor,ator,não sabe jogar futebol,acha o Neymar ridículo e escreve sobre música de um ponto de vista pessoal,mas sempre focado na razão e no bom senso.

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