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quarta-feira, 16 de junho de 2010

A MUDANÇA QUE VEM COM O EXEMPLO

por Fernando Ribeiro

Há um vídeo muito interessante no YouTube* que demonstra como é forte o poder do exemplo. Nele, várias crianças imitam seus pais em diversas situações, destacando como muitas vezes é poderosa e marcante a influência de nossas ações sobre os outros. Esse tipo de comprovação me dá respaldo e convicção de que o mesmo é aplicável nas nossas atitudes enquanto profissionais do canto. Além dos diálogos e mobilizações, há muito poder na forma como nos posicionamos frente às inúmeras situações com as quais nos defrontamos no dia-a-dia da nossa profissão.

Muitos já passaram por esta situação: você recebe um telefonema e Fulano, do outro lado da linha, o convida para cantar em um casamento.

E só.

Nenhuma menção sobre valores, repertório, etc... E o pior é que, muitas vezes, o cantor aceita assim mesmo, às cegas. Em que realidade isso pode soar plausível? Nem em universo alternativo de gibi de super-herói!

Existe um modo de se proceder que herdamos/aprendemos/assimilamos das outras gerações, é fato (olha aí a história do exemplo!). Acredito, porém, que se desejamos mudanças para melhor, é necessário assumir conscientemente essa mudança, com tudo e de bom e de ruim que estiver associado a isto. O que é assumir conscientemente? É mudar de conduta não tanto por uma imposição exterior, mas principalmente por um desejo pessoal. É não influenciar-se pelo Zeca Pagodinho e seu “deixa a vida me levar”. Parece-me razoável inferir que uma ideia assim, propagada e experimentada por cada um, só pode gerar um círculo virtuoso.

Recentemente tornei a ler um livro de um pensador francês que admiro muito, chamado André Comte-Sponville. Lá, ele fala sobre como nutrir esperanças nos afasta mais ainda de viver uma vida feliz. Acertadamente, o título da obra em questão é A Felicidade, desesperadamente, ou seja, sem esperar por nada que esteja além das nossas possibilidades. E como chegar a isto, ou o que isto pode ter a ver com o assunto sobre o qual falei até agora? Bem, ele afirma que não dá pra simplesmente abandonar este velho hábito: é algo que faz parte da condição humana. No entanto, não se trata disso, de procurar meios de eliminar essa parte ruim de nosso aspecto. Seria mais no sentido de desenvolver, cultivar outras características positivas. Diz ele (o cito de memória): no plano teórico, trata-se de crer um pouco menos, e conhecer um pouco mais. No plano prático, político, trata-se de esperar um pouco menos e agir um pouco mais. No plano afetivo, trata-se de esperar um pouco menos, e amar melhor.

Conhecer, agir, amar: que esta seja uma divisa à qual nós cantores possamos sempre nos dirigir.

* http://www.youtube.com/watch?v=Xcdx3YrFBVE



Fernando Ribeiro é integrante do Voz Ativa Madrigal, do Núcleo Universitário de Ópera e estudante do último ano do bacharelado em Canto Lírico da Universidade de São Paulo. Contato: fhr1980@yahoo.com.br

terça-feira, 8 de junho de 2010

Grupo de discussões do Profissão: Cantor

Grupo de discussões do Profissão:cantor:

É so mandar um e-mail (em branco mesmo) para profissaocantor-subscribe@yahoogroups.com, ou entrar por uma conta do yahoo. Entrem! Esse será mais um canal de comunicação.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Por onde começar?

Fico cá eu pensando na nossa situação profissional, e me vem logo à mente: mas será que a culpa também não é nossa? Lá vão os por quês:
1. Nós fazemos audições sem saber nenhuma informação a respeito do trabalho. É como se algum desconhecido batesse à sua porta e dissesse: quer trabalhar comigo? E você simplesmente respondesse: claro! E seguisse o tal desconhecido, sem fazer qualquer pergunta.
2. Cantamos por cachês que não valem a pena em termos de valor, por causa do ‘contato’, ou por necessidade extrema mesmo. Mas, falando francamente: você confia num médico que cobra $10/h pela consulta? Eu não poria minha mão no fogo. Eu pensaria: esse cara não deve ter noção nenhuma de medicina...
3. Nós aceitamos cantar na base da “amizade”, sem nenhum contrato que legitime os direitos e deveres de contratado e contratante. Se o fulano não quiser te pagar, ou se qualquer coisa acontecer no meio do caminho, não há nada que lhe defenda, nada que você possa cobrar, nem mesmo o cachê, porque não há provas que você estivesse nesse trabalho. Se o cara não for idôneo e não quiser te pagar, não paga. E você não vai poder fazer nada além de ficar ligando pro cara pra cobrar. “E aí, quando cai o cachê”? Deveria haver ao menos um contrato padrão, um modelo pronto desses de internet, numa página só, que fosse alguma garantia legal de alguma coisa, e que ninguém aceitasse trabalhar sem garantias, como em qualquer profissão normal...
4. Ausência total de um órgão, associação, clã, gangue, ONG, partido, agremiação, sociedade, cooperativa, o que quer que seja que represente nossos direitos. Hipoteticamente existe um sindicato, mas...deixa pra lá. Carece que os músicos se unam, pintem a cara, façam um panelaço eletroacústico ou coisa do tipo, pra fazer valer nossos direitos profissionais. A questão é que primeiramente precisamos criá-los! E depois disso, um órgão competente (de preferência, não é?) que fiscalize, torne verdade e dê fé.
Mas eu acho mesmo que o primeiro passo é a conscientização, de nossa parte, primeiramente. O segundo passo é nos unirmos e descobrirmos formas de alcançar o que precisamos. Músicos eruditos de todo o país, uni-vos!